Guiança
- irenegenecco
- 14 de jul.
- 2 min de leitura

Preciso de vocês, meus Guias, Mentores, Anjos e Arcanjos. Preciso de vocês para andar nos trilhos, para não desandar. Eu tenho asas para voar, eu posso sair dos trilhos, posso querer voar. Quando quiser. Mas não quero não-quereres desarrazoados, que me levem para o precipício, que afugentem, que condenem, acorrentem. Quero andar nos trilhos quando for preciso. Mas um preciso de precisão, não de falta. A precisão é necessária quando o medo ameaça de perdição. Não quero perdição, não quero escuridão, não quero céu turvo, nublado, não de nuvens de chuva abençoada, mas de pesadelos, ameaças e tolos consolos.
Preciso de vocês meus guias. Preciso ser guiada, como um veículo, movido a gás, vapor, petróleo. Preciso inteligência precisa como um bisturi, preciso um saber completo, inteiro, que me traga por inteiro sobre os trilhos, andarilho que sou, pássaro, serpente.
Preciso de vocês, meus guias, meus mentores, meus anjos e arcanjos, preciso de vocês que nada mais são do que eus, dentro dos meus breus. Eu sombra, eu luz. Que é Deus senão isto, sombra e luz? O que seria da luz sem a sombra, pois uma identifica a outra? Que seria da sombra se não houvesse luz? A sombra é o avesso da luz. E no avesso sou verso, reversos de tudo o que é. Que sou eu senão o não-eu em tudo o que vejo? Que é o vejo senão um beijo no escuro? Que é o escuro senão um puro saber adormecido? O que é o ter sido senão um tecido bordado de eus, uma colcha de retalhos, um céu bordado de estrelas... É ele que me encobre. Sou feito e feita de infinito, perfeito e perfeita. Perfeita mente de um ser e de um não ser, pois o que é o ser senão um não ser nesta dualidade insana? Dual saber chamado com ciência.
Vejo uma flor que não é o chão e não é o céu, não e a chuva, não é o léu. Vejo um céu que não é a flor e não é o chão, vejo um chão que não é a flor e não é o céu. A negação que define o firmamento, o fomento da alma. Desta alma revestida de cimento e pó. O resto? É o indizível. Este sim liberto das correntes da palavra, que lavra campos estéreis com pá de vento. Pá lavra. Mesmo assim, é ela que me cobre de esperança, brisa feita de certezas, inseminadas de eus. D’eus. Dou-vos graças porque eu sou Vós, e Vós sois eu.
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