Posso ver dentro de uma bolha
e até flutuar sobre esta realidade,
quase tocá-la, me embeber de atmosfera
e nascer de repente alguém...
- Vejam! Nasceu esta mulher agora!
Agora!! – diriam estupefatos transeuntes.
Vem, vamos colher o mundo
libertar os condenados
achar os perdidos
consolar os aflitos
acolher os desterrados
alimentar os famintos
despojar os instintos de seu poder animal.
Vem - diriam, tomando minha mão.
E eu iria, e seria alguém.
Mas, como um balão que escapa
da mão do menino,
digo não,
flutuo para o alto céu dos pensamentos.
Vivo de razões, brigo por razões
luto e morro por razões,
e todos se afastam uns dos outros
por razões!
Sobe da terra uma neblina de arrazoados
zoados pelo ímpeto de medos límbicos
de tombar na solidão.
A razão me encobre, e cobre a todos
como uma mortalha.
Mas os corpos, ainda que tortos e desfigurados,
suplicam gestos de busca uns nos outros.
Braços que se estendam
mãos que segurem e afaguem,
olhos que brilhem, bocas que falem de paz
amor, perdão, línguas que não condenem,
palavras que não exijam nem apunhalem,
desejos que não aprisionem.
Ah! Corpos com seu calor, ardor e sabores de sua tez...
Quisera numa nudez translúcida
nascer tão somente um ser
que iluminado ilumina, unificado unifica
Transcendido, transcende, em lava ardente de amor.
Canto dos sentidos
(Aqui pinto a mesma inspiração, em formato texto. Já percebi que algumas pessoas têm resistência em ler poemas, por formatar-se em pedaços que entrecortam o sentido linear, o que provoca maior atenção na forma do que no conteúdo, esvaziando o sentido, obscurecendo a alma da poesia)
Posso ver dentro de uma bolha e até flutuar sobre esta realidade, quase tocá-la, me embeber de atmosfera e nascer de repente alguém...
- Vejam! Nasceu esta mulher agora! Agora!! – diriam estupefatos transeuntes.
Vem, vamos colher o mundo libertar os condenados achar os perdidos consolar os aflitos acolher os desterrados alimentar os famintos despojar os instintos de seu poder animal. Vem! - diriam, tomando minha mão.
E eu iria, e seria alguém. Mas, como balão que escapa da mão de um menino, digo não, flutuo para o alto céu dos pensamentos. Vivo de razões, brigo por razões luto e morro por razões,
e todos se afastam uns dos outros por razões!
Sobe da terra uma neblina de arrazoados, zoados pelo ímpeto de medos límbicos de tombar na solidão. A razão me encobre, e cobre a todos como uma mortalha. Mas os corpos, ainda que tortos e desfigurados, suplicam gestos de busca uns nos outros. Braços que se estendam mãos que segurem e afaguem, olhos que brilhem, bocas que falem de paz amor, perdão, línguas que não condenem, palavras que não exijam nem apunhalem, desejos que não aprisionem. Ah! Corpos com seu calor, ardor e sabores de sua tez... Quisera sua nudez translúcida, nus de corpo, que iluminado ilumina, unificado unifica transcendido, transcende, em lava ardente de amor.
Comments