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Ante Passado

  • Foto do escritor: irenegenecco
    irenegenecco
  • 25 de mai.
  • 3 min de leitura

I - Introdução sobre uma breve biografia

Ante o passado vejo a obviedade de que tudo já passou, porém algo permanece vivo nas minhas lembranças, principalmente quanto aos meus antepassados mais distantes da minha geração, que nem sequer cheguei a conhecer ou sabê-los na minha linhagem mundana. Quanto aos ancestrais, o que sinto me parece mais coletivo do que individual. Mesmo assim, me transportando imaginariamente à ancestralidade, me sinto dentro de uma bolsa quente e acolhedora, como envolvida num líquido amniótico etéreo que sustenta toda a humanidade. Seria interessante se pudéssemos perguntar “Qual é a sua ancestral idade?” Ou seja, há quanto tempo você começou noutra pele que não a sua atual? Caberiam algumas interpretações para dar algumas respostas. A que pele se refere a pergunta? Esta que nos encobre o corpo físico? Ou o invólucro antropológico tecido ao longo da evolução humana? Pergunto-me sobre a eternidade, a qual ninguém tem definição, a não ser como algo que não tem fim. Mas e o que é fim? Fala-se de eternidade, num âmbito abstrato, e esta não tem começo nem fim.

Porém, quando a pergunta é quem somos e de onde viemos o céu se nubla e cabe a cada um escolher entre milhões de hipóteses conceituais, científicas, religiosas, filosóficas.  Encontramos algumas respostas que nos acalmam os ânimos. Quando olhamos para trás buscamos nossos ancestrais familiares, nosso clã, e é bem mais possível alcançarmos notícias concretas, reduzindo nossa busca a 5 ou 6 gerações passadas. Acredito que sou da sétima geração do padre Giuseppe Gnecco que veio ao Brasil, de Gênova, Itália, já acompanhado de uma mulher francesa, Magdalena Peixer, considerando meu lado paterno. Do lado materno, Elci Azeredo, já não tenho muitas informações, a não ser quanto à semente de Bento Gonçalves e uma negrinha escravizada, cujo nome já não lembro, pois carece de documentos que o legitimem.

Carregamos nossos ancestrais debaixo da pele. Somos uma herança de DNAs, biologicamente falando, e que não nos cabe alterar por conta própria. Somos também a herança cultural, social e histórica, simplificando e reduzindo este complexo arcabouço. Neste nível cada geração vai deixando seus rastros próprios. Quer queiramos ou não, gostemos ou não, vertemos em nossas veias suas lutas, suas dores, suas perdas, suas vitórias, repensando, revivendo, reorganizando. Embora a ciência já confirme que tudo é energia, muito poucos aceitam que vivemos num universo movido a energias, não só físicas, visíveis, mas etéreas, invisíveis aos olhos mas que nos afetam para o bem ou para o mal, em miasmas de raiva, dor, desesperança e medos, conforme nosso coração e nossa mente nos guiem, diante de maiores ou menores injustiças. E vamos recebendo o bastão que repassaremos ao próximo. De fato, ante o passado nos conscientizamos de nossas raízes e nos fortalecemos. Meus antepassados me revestem de concretude, pois têm lugar, ano, cultura, povo, era.  

Quanto à origem paterna, traço os limites de época entre idos de 1840, aproximadamente, até nossos dias. As origens do lado materno coincidem com esta época também. Não é um tratado, é uma leve baforada do tempo, que sopra geográfica, cultural e pessoalmente, que ao meu limitado saber se revela começar no Brasil nos idos do século XIX. Entenda-se com muita clareza que este “começar”, portanto, é restrito a datas palpáveis, pois a rigor é melhor apossar-se da afirmação categórica de que tudo o que começa termina, mas a vida não tem começo nem fim, é eterna.


 
 
 

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