Aqui está meu poema
pedra limosa entre os dedos
vertendo sumo viscoso
feito de um ser
esmagado até os ossos.
Quem quer um poema
torto e desfigurado?
Aqui está meu poema
mão peluda cheia de garras
a subir pela parede
deixa gravado na pedra
que eu passei
crava estaca no coração do mundo
para que só eu exista.
Dou rugidos que espalham
estrelas para todo o lado,
garganta escancarada
vomito a pedra
que me impedia de gritar.
Aqui está meu poema
malcheiroso, torto, morto,
aborto da inutilidade de dizer.
Quem sabe de um útero vazio,
do pranto da mulher estéril?
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