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Sem Deus

Atualizado: 29 de nov. de 2023


Foto de Anastasiia Balandina na Unsplash

Dispensei Deus por alguns dias.

Nas múltiplas vias que encontrei

perdi-me sempre em laboriosas buscas.

- Espera, Deus, preciso achar meus tesouros,

não posso ir a ti assim tão pobre!

Perdi a fé, meu ouro maior,

e, o que é pior,

perdi-me nesta incerteza.

Aguarda, meu Deus, um pouco,

que este espírito louco

reencontre a lucidez.

Se nesta insensatez

eu me acabar,

não terei quem culpar,

quem chorar,

estarei só.

Deixa-me pensar por algum tempo

que posso viver sem crer

que não necessito ser eterna.

Deixa-me sorver o licor amargo

de minha verdadeira e única solidão.

Se embriagar-me até cair,

como será triste!

Não terei nem ao menos o direito de clamar:

- Deus, oh Deus,

por que me abandonaste?


observação - selecionado na lista de semifinalistas no concurso Internacional Pena de Ouro, da Casa Brasileira de Livros em 2022



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