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Aqueles pássaros todos, no Céu, são minhas tristezas, finalmente libertas do claustro dos pensamentos... É Ele que me abre o poço das compreensões incompreendidas e perdidas na carne morta. É Ele que me alivia a dor e me afrouxa as cordas da minha nuca, arapuca dos meus dias que me enrijece. É Ele. Move minha mão a escrever, meu olho a ver, que sem Ele, ensandecida mente seria. Simples e mansamente acolhe meu corpo etéreo, eterno e sem mácula, não importando se o vejo, se sou grata ou não.
A graça eterna só tem uma morada: Tu! A mão desliza sobre meu cabelo, sobre minha pele jovem que envelhece. Tudo é terno. Eterno. Esta mão é Ele! Algo em mim me sustenta em pé, imóvel ou a mim movendo. Algo sustenta minhas mãos que algo sustentam. Vejo então que não sou o movimento, nem o sustentado, mas quem o sustenta. Rompem-se as correntes, cordas de ferro que me aprisionam, ou imagino que o possam. Quem pode deter o vento? Venta sobre os telhados suas verdades sopradas leve sobre o peso que cai. O peso fica e a leveza vai, e toca
com seus dedos de seda a rudeza do concreto rude, reto, ereto. O vento semeia com seus dedos voláteis o eterno pólen do Belo indizível, inalcançável... Sagrado pó. A parte é um retalho só, por demais esmiuçado, desconheço de onde vem, qual é sua morada. Tudo é volátil. Pensamento. Cimento, amálgama, gama da alma. És Tu que me sustentas, mão no queixo, e não deixo de ver-te no suspiro, no respiro, inspiro, expiro, piro, iro... És Tu que acalmas meu turbulento sangue, e o transformas em calmaria, e a alma ria quando acontecia, e tece quando acontece... Em rios de águas mansas me transformas, onde passarinhos descem e me bebem, mitigando a sede que sequer lhe suspeitam de onde vem. És Tu quem me acalma a alma,
neste rio de rir que me pensas - Eu-tu-ele-nós-vós-eles.