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Foto do escritorirenegenecco

Pontal

Atualizado: 20 de mai.


Foto de Myriam Zilles na Unsplash

Vi um leito feito de tufos de capim

deslizando na correnteza do rio.

Não sei bem se rio ou se choro...

Algo desprendeu do meu peito

e sem pedir licença pediu carona

no doce e decidido deslize.

Resoluto - o seixo - não reclamava

nem questionava quero? Devo? Posso?

A correnteza escorria rumo certeiro

como lágrima gigante rolando

de volta ao lar - o mar, trilho d’água andante

pipocado de restos picotados do dia a dia.

Eu olho de cima, debruçada no peitoril da ponte,

os redemoinhos circunspectos em espirais

que expiram temporais demolindo lares

numa enchente de gente que não tem para onde ir.

Lava-me Senhor dos rios!

Leva-me neste barco de capim,

assim transformada em lírios

semeados em delírios

de um andante solitário.


A grass sailboat

 

I saw a bed made of tufts of grass

gliding in the current of the river.

 

I don't know whether to laugh or cry...

 

Something came loose from my chest

and without asking permission, asked for a ride

in the sweet and decided slip.

Resolute - the pebble - it didn't complain, nor did it question - do I want it? Should I? Can I?

 

The current flowed in the right direction

like giant tears rolling down

back home - the sea, like a walking water trail,

popcorn made from chopped up leftovers from everyday life.

 

I look from above, leaning over the bridge sill,

the circumspect swirls in spirals

that expire by demolishing homes

in a flood of people who have nowhere to go.

 

Wash me Lord of the rivers!

Take me on this grass boat,

thus transformed into lilies sown in delirium,

of a lonely wanderer.

 

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