Vi um leito feito de tufos de capim
deslizando na correnteza do rio.
Não sei bem se rio ou se choro...
Algo desprendeu do meu peito
e sem pedir licença pediu carona
no doce e decidido deslize.
Resoluto - o seixo - não reclamava
nem questionava quero? Devo? Posso?
A correnteza escorria rumo certeiro
como lágrima gigante rolando
de volta ao lar - o mar, trilho d’água andante
pipocado de restos picotados do dia a dia.
Eu olho de cima, debruçada no peitoril da ponte,
os redemoinhos circunspectos em espirais
que expiram temporais demolindo lares
numa enchente de gente que não tem para onde ir.
Lava-me Senhor dos rios!
Leva-me neste barco de capim,
assim transformada em lírios
semeados em delírios
de um andante solitário.
A grass sailboat
I saw a bed made of tufts of grass
gliding in the current of the river.
I don't know whether to laugh or cry...
Something came loose from my chest
and without asking permission, asked for a ride
in the sweet and decided slip.
Resolute - the pebble - it didn't complain, nor did it question - do I want it? Should I? Can I?
The current flowed in the right direction
like giant tears rolling down
back home - the sea, like a walking water trail,
popcorn made from chopped up leftovers from everyday life.
I look from above, leaning over the bridge sill,
the circumspect swirls in spirals
that expire by demolishing homes
in a flood of people who have nowhere to go.
Wash me Lord of the rivers!
Take me on this grass boat,
thus transformed into lilies sown in delirium,
of a lonely wanderer.
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