Não há mais tempo de viver a dor,
há somente que senti-la
enquanto se capina,
enquanto a lágrima cintila.
Não há mais tempo para lamento,
há somente que engolir em seco,
enquanto se cavoca o chão.
Simultaneidade na idade da cibernética!
Ai, o céu está fechado hoje,
não há horizontes,
estamos exilados neste mundo oco!
Cadê meu Deus?
Quero entregar-lhe o que lhe pertence
mas só vejo césares neste mundo de cifras.
A cruz é também o punhal que rasga a carne
e deixa à mostra a dor do nervo exposto.
Não me suporto mais!
Tudo em mim é supérfluo,
tudo é máscara,
tudo é pele sobre osso.
Mas o osso clama por ficar à mostra,
a morte quer brincar debaixo do sol.
Haverá tempo de não ter mais tempo?
Senhor, Deus, tu o sabes!
- Profetiza a estes ossos secos.
Comments