Me seguro na água que tomo,
Num copo que esvazia dentro a fora do meu eu.
É assim que liquefeita escorro e me socorro
ao abrigo das sombras rendadas de um flamboyant...
(Tardes burguesas, coração aflito. É tudo heras, eras... idos jardins)
Eras tu quem me faltava conjugar
Pra me falar e eu saber que não sou única,
avassaladora alma, egóico mundo.
Eu, compreensão que absorvo e transmuto,
me aproprio, e exproprio, no mais pio desejo
de alcançar e alcançar e alcançar...
Isto é o meu-tu!
Águas cristalinas, vapor de abismos,
abaixo e acima, neblinas meninas,
chuvas espessas, temporal de verão...
eu reverencio o cio da terra: Sejas!
No mais profundo azul do céu que vejo,
no abissal espírito de fogo, coração da terra,
é meu barco em ossos, e músculos e carne,
que navega e me faz fértil de desejo,
neste chão de argila, ancestral nave espacial,
terra azul.
E és tu, espírito inquieto, eu-tu,
que te imprimes nos meus olhos,
íris incandescente, ardente inspirar e expirar,
e te transmutas em dragão, num coração de sangue,
oh, água doce que sorvo, água salina que devolvo
menina dos teus olhos, e me faço eu!
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