Todo o poema é parte
de um poema inacabado.
Como toda a busca.
Sou parte circunscrita.
Pele, fatia de um todo.
Como tal, me consumo,
sumo no imaginar sempre mais.
Busco outras peles, outros corpos,
pedaços de um todo sem limites,
que emerge passo a passo,
dedo a dedo, olho a olho,
pele a pele, impossível
traduzir em verbo,
convertido na magia do mistério.
É o silêncio de mim mesma
diante do que é - imaginário do sem-fim.
É um vazio que me alivia do ‘tenho-que’.
É um brotar espontâneo,
num momentâneo fazer-se som dentro de mim.
É mistério que me define no que tenho
de sublime e eterno.
Dentro, mas que me leva a fora.
É o agora que me aflora
certidão de nascimento.
É o nascer de alguma coisa que é tudo,
de um tudo desmesurado,
mas que cabe no meu peito.
É no mistério que reencontro
e me encontro em pedra, rios e pássaros,
flor, terra, montes e vales,
tempestades, calmaria.
Estrelas invisíveis sob o sol do dia,
noite de certezas no clarão da lua,
nua grandeza que me encobre,
no que se mostra e ao mesmo tempo
no que se esconde aos olhos finitos
de um tão somente contemplar...
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