
Ah, a alegria de descobrir
a cada passo o impossível
de um pulo no abismo!
Angústia de sentir ultrapassado
aquilo que nem sequer ainda veio.
Êxtase no espanto e
no ímpeto de cada coisa!
Ai, desespero de ver ruir o alicerce.
Faço uma torre de palavras
talvez consiga atingir o céu do entendimento.
(Mas quem a todo o instante
mistura dúvidas em meu cimento?)
Ah, horror de num repente
esbarrar comigo mesma
num inexplicável reconhecimento.
Ah, inexplicável, indizível
e esdrúxulo pensamento
que num ato de autêntico heroísmo
comprime-se no limite da palavra.
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