O passado brota de repente,
Flui borborejante
Como o refrigerante aberto de ímpeto.
E se derrama na paisagem.
Onde aquela árvore
Derramando sombra
tão macia e fresca?
(sombra macia não é a sombra densa
de um muro
nem a sombra profunda de um cinamomo.
Sombra macia é a que se escoa
das ramagens rendadas de um flamboyant).
Onde aquele pasto ensolarado,
O descuido daquela velha cerca?
Onde o passarinho humilde
guardando porções de céu
fechando e abrindo asas,
conchas de duas mãos?
Onde este silêncio comprimido
estourado de repente num zumbido...
Atento o olhar, ouvido, olfato,
Aguço o instinto,
mas o momento foge.
Não sei de onde esta angústia,
de onde esta saudade.
De onde me vêm lembranças
de coisas que nunca vi?
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