Literatura, Arte e Filosofia - Pós/PUC 2023 Professor Keberson - aula 3, parte 1 - Ênfase na Filosofia aplicada ao cotidiano das pessoas. Transcrição resumida de passagens da aula do professor, de onde derivam meus comentários.
A filosofia tenta aplicar alguns princípios filosóficos mostrando um modo como poderemos ter uma vida equilibrada, que possa nos oferecer algum nível de felicidade. Para isto precisamos pensar algumas coisas. Este é o ponto dentro da história das ideias. Proponho uma leitura filosófica, com arte de bem viver, conectado com a ideia de atividade filosófica. Significa estar na posse de uma posição onde possamos entender e diferenciar entre o que acho bem para mim e não. A proposta é analisar alguns temas de filosofia - 3 temas serão trabalhados: primeiro - a liberdade. Precisa entender o que resta para nós em termos de escolha. Esta escolha precisa nos dar um bem-estar. É uma viagem com vários argumentos. A partir das experiências. Considerar quem somos como pessoas, como história.
Todos têm uma história e toda a historia tem seu valor e dignidade. Nossa história é marcada por eventos e estes acabam de certo modo nos ajudando ou não a definir que somos. Há uma teoria da identidade pessoal desenvolvida por Hume, que afirma que enquanto pessoas não temos um núcleo que se chama EU. O que me faz EU? Hume diz que na verdade não existe esta ideia de eu, entendida na história como alma, ego... na verdade nós somos uma metamorfose ambulante. Nós somos absolutamente diferentes do que fomos com 10 anos, 15 anos, etc não existe um núcleo, somos um feixe de representações de experiencias que temos. Somos o que estamos vivendo. O ambiente diz muito e as pessoas, de como nós somos.
Isto é complexo. Para a teoria da permanência da alma, Se não existe alma, ou eu, como entender isto?
Ir para outras linhas faz parte do meu modo de trabalhar. Um assunto chama outro assunto. Voltando aos modos de ver a filosofia - como atividade e a filosofia como uma arte de viver. Comecemos a falar sobre a liberdade - primeiro tema. Fantástico para debate. Ainda não sabemos se somos ou não somos livres. A liberdade! Eu gosto de trazer imagens para associar ao tema. A imagem as vezes traz um argumento melhor do que o analítico. (comentar). Esta é uma pergunta maravilhosa. Você se sente livre de verdade? Qual prova se tem sobre isto? E se alguém mostrar que você não é livre, você continua sendo livre? Vamos ver.
Minha resposta
Se eu fosse comentar todos os tópicos sugeridos por você, professor, precisaria ser hábil em escrever uma trilogia! E, pior, talvez nem fosse suficiente! As aulas vão muito além de informações acadêmicas São muitos os temas, de uma profundidade e amplitude que requer muita reflexão. Talvez eu me aproxime desta trilogia, ainda que neste curto espaço. Vou falar de um deles, que acredito ser perrengue de todos nós: liberdade. Observação - Percebo que refletir nos descortina. Descobrimos coisas que nem suspeitávamos que habitavam em nós.
Fiquei pensando primeiro no sentido da palavra LIBERDADE, no que me provoca e o que me traz à tona. Fui ao Google. Eis: Liberdade tem origem no latim libertas e significa a condição do indivíduo que possui o direito de fazer escolhas autonomamente, de acordo com a própria vontade. Aí outras provocações surgem em novas palavras: CONDIÇÃO, DIREITO, VONTADE. Me resta adentrar no que eu mesma compreendo, de acordo com o meu caminhar até aqui, onde me encontro.
O que tenho em mim resulta de um caldo social, cultural, político, religioso... e por aí vai. Acredito que nem poderia chamar de MEU. Mas desejo sim, de acordo com a música, ter um homem pra chamar de MEU, e este seria o SABER, livre de amarras condicionantes, que me faria tomar posse de mim mesma. Porém precisaria ser uma posse livre de egoicidade, pois esta é a pior amarra de todas. Presos em nós mesmos somos condenados a uma visão míope, pobre e definhadora. O pouquíssimo de minha porção mais pessoal que sobre-existe eu definiria como “impulso de busca, sede de aprender”. Acho que quanto ao Google, este impulso corresponderia à VONTADE. É este impulso que me submerge em reflexões e me traz de volta em qualquer circunstância ao mundo dos humanos.
Minha resposta a uma pergunta complexa seria também complexa. VOCÊ SE SENTE LIVRE? SIM E NÂO. Porque se de um lado somos limitados humanos, num mundo físico caótico que nos parece tragar, por outro encontramos subsídios infinitos que nos fazem sentido e nos trazem grandeza, infinitude, vida e pulsão (impulso), no mundo abstrato do pensamento e das ideias (do que nunca podem ser desagregadas nossas emoções). É entre este ir-e-vir entre o que percebemos como concreto e abstrato que nos enleia. No pensamento me pareço livre, porque não encontro barreiras que me impeçam de pensar. Mas na condição física sou completamente barrada por leis físicas e por condicionamentos morais e éticos na convivência social.
Porém há um corpo em espírito, em seu sentido lato, volátil, livre, sábio e eterno, e nisto me sinto livre. Há entretanto também um corpo físico, em seu sentido de gravidade, gravitacional em torno de si mesmo, e a busca de validade e autenticidade “perdida”, porque mortal. Caio num poço de contradições. Talvez isto se refira biblicamente à “queda” de Adão. O grande salvador deste redemoinho me parece ser o livre pensar. Mas isto existe? De onde nos vem o pensamento? Do lado ontológico faz parte da “natureza” humana, física e espiritual. Não pensar nos transforma em máquinas reprodutivas, sem VONTADE própria, sem impulso, sem prazer, sem gosto de viver. E infelizmente este é o padrão, a nível global. Mas, de outro lado, pensar nos exige um suporte – dos que já pensaram antes de nossa chegada a este planeta provocador. Este o papel da Filosofia. Caso contrário seríamos obrigados a inventar a roda, a cada passo. Neste sentido não temos “livre pensar”, precisamos partir do já pensado.
Acredito que isto se refira um pouco à continuidade e descontinuidade que fala o professor Danilo. Por outro lado, esta liberdade de pensar resulta também de pensamentos anteriores ao nosso. É uma caminhada passo-a-passo, em conjunto, coletiva, nunca só individual. Porque o coletivo resulta do individual e este do coletivo. São faces de uma mesma moeda. São parcerias indivisíveis, inseparáveis. Portanto, para finalizar, fico com Einstein. A liberdade é relativa. É nesta relatividade que enriquecemos nosso alcance à liberdade. Se pensarmos no prisma do relativo, a coerção cessa, pois nasce uma multiplicidade infinita de escolhas. Talvez liberdade se refira também ao mundo das possibilidades, que afinal é vazio, porque apenas suposto. Seria então neste vazio que poderíamos exercer nossa infinitude? Isto não seria uma liberdade “pensada” , e portanto amarrada a princípios já dados?
Apesar de todos estes arrazoados, acredito que a liberdade existe sim. Verdade irrevogável é que a estou exercendo neste momento. É nosso livre pensar. Desculpe o “textão”, tão odiado nas redes sociais. Mas não renuncio a um curso mais elaborado de fala, pois acredito ser este o caminho da superação da ignorância humana que nos submerge ao domínio da rasura intelectual, tão danosa para nosso crescimento. Afinal, para quem acredita e toma como princípio para sua vida – Deus fez tudo através da PALAVRA. Faça-se a luz – e a luz se fez.
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